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Mostrando postagens de janeiro, 2012

O rascunho oficial da Rio+20

Já está disponível em português a primeira versão da ONU da proposta de declaração conjunta a ser firmada pelos países em 22 de junho, no Rio de Janeiro, ao final dos trabalhos da Rio+20. Trata-se de um rascunho de apenas 19 páginas, que sintetiza aproximadamente 700 contribuições de uma centena de países, que exigiram o exame de mais de 6 mil páginas de sugestões. No Preâmbulo, o documento reafirma os compromissos já firmados pelas nações na ECO-92 (concretização da Agenda 21), reitera os compromissos de erradicar a fome e a pobreza, promover o desenvolvimento humano e o crescimento sustentável e implementar a conquista dos oito Objetivos do Milênio, no contexto de uma “economia verde”. Entre os desafios a serem enfrentados pelos líderes mundiais, o documento relaciona a insegurança alimentar, os perigos das mudanças climáticas e a perda da biodiversidade, fatores que afetaram negativamente os ganhos de desenvolvimento verificados na última década, em meio a crises financeiras.

As dez metas da Rio+20

A Rio+20 deverá se concentrar na discussão sobre os dez novos objetivos do desenvolvimento sustentável. A notícia foi divulgada pelo jornal britânico The Guardian, que teve acesso a um primeiro rascunho de 19 páginas elaborado pela Assembléia das Nações Unidas. A proposta de criar os Objetivos Globais de Desenvolvimento Sustentável (SDGs, na sigla em inglês) não deverá vigorar antes do ano 2015. Mas o documento resultante da Rio+20 deverá cobrir as seguintes áreas, que foram consideradas prioritárias: oceanos, alimentos, energia, água, consumo e sustentabilidade. Os SDGs não vão substituir os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU, lançados em setembro de 2000, até porque o propósito destes últimos é combater a extrema pobreza e o subdesenvolvimento, ao passo que a Rio+20 é uma proposta de estabelecimento de metas de desenvolvimento sustentável. Espera-se que os negociadores do encontro tentem costurar um acordo internacional de proteção aos oceanos, juntamente com a

Combate à pobreza: despesa ou investimento?

Conforme o economista Marcelo Neri, investir no combate à pobreza é um processo barato, que produz uma elevada taxa de retorno, e das mais atraentes, quando comparada a outros investimentos. Neri, que integra os quadros da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, elaborou dois programas de transferência de renda: o Família Carioca, para a Prefeitura do Rio, e o Renda Melhor, para o Governo do Estado. O primeiro programa custa R$ 130 milhões e atende 420 mil pessoas, das quais 130 mil são crianças. O custo por família é de apenas R$ 309,52 por ano. Este programa, como outros semelhantes, é vinculado ao rendimento escolar das crianças, mas de forma que os melhores alunos são recompensados com prêmios em dinheiro. E, caso o aluno falte às aulas, o benefício é automaticamente suspenso. Nessa perspectiva, o que é despesa se transforma em investimento. Cada aluno que tem frequência integral na escola e tira boas notas, dará um retorno à sociedade muito maior do que o seu custo. Apenas

Exemplo de Sustentabilidade

A Secretaria Estadual do Ambiente, no Rio de Janeiro, estabeleceu critérios de sustentabilidade na compra de bens e serviços pelo órgão público, e também para as construções que forem feitas com verbas governamentais. Para oficializar os critérios, o secretário Carlos Minc assinou, em junho do ano passado, uma resolução que funciona como um guia para os editais de licitação da SEA. Fatores como economia de água e energia, aproveitamento de resíduos e a durabilidade dos insumos agora são decisivos no processo de avaliação das propostas que concorrerem às verbas da secretaria. O governador Sérgio Cabral gostou tanto da ideia que prometeu estender os critérios a todas as demais secretarias do estado. A providência é oportuna, e está em sintonia com os resultados de uma pesquisa realizada pela FNQ – Fundação Nacional da Qualidade junto a 63 grandes empresas: e os dirigentes de 97% das organizações sondadas afirmaram que, na economia contemporânea, é fundamental inovar com base na sust

A China é um país confiável?

O presidente da China, Hu Jintao, em seu discurso de Ano Novo (domingo, 1º de janeiro de 2012), prometeu que, em 2012, Pequim manterá “intercâmbios de amizade” com outros países e participará positivamente na comunidade internacional mediante a cooperação. Pode-se acreditar efetivamente nessa promessa? As evidências mostram que não. Para começar, a China foi um dos primeiros países a sabotar o Protocolo de Quioto e, se depender dela, o nosso planeta continuará se aquecendo perigosamente na esteira do efeito estufa. Em segundo lugar, a China não respeita os direitos de propriedade industrial e fabrica cinicamente quantidades gigantes de produtos piratas, prejudicando marcas consagradas e as economias dos países de origem dessas marcas. Ações de pirataria, falsificação e violações de direitos autorais na China provocaram perdas de até US$ 48 bilhões (R$ 78 bilhões) para empresas americanas em 2009, segundo um relatório de uma agência governamental dos EUA. Desses US$ 48 bilhões, qu

O Estado do Rio e a indústria petrolífera: relações conturbadas

As recentes catástrofes ecológicas que aconteceram nos mares da costa do Estado do Rio de Janeiro – o vazamento do poço da Chevron e o vazamento de óleo da plataforma da empresa Modec, que já poluiu praias de Angra dos Reis – demonstram cabalmente que a indústria petrolífera precisa evoluir, cabendo aos dirigentes estaduais assumir nova postura frente aos problemas ambientais. Em recente entrevista ao jornal O Globo, de 19 de dezembro de 2011, Moacyr Duarte, pesquisador do Grupo de Análise de Risco Tecnológico e Ambiental da Coppe, aponta que há um visível descompasso entre as atividades de exploração de petróleo e as medidas básicas de segurança. Para o pesquisador, a indústria petrolífera avança num ritmo muito rápido, sem cuidar da retaguarda. No mesmo contexto, os órgãos de fiscalização não estão preparados para atuar como deveriam. Tudo indica que os planos de contingência das empresas não estão funcionando como deveriam. E, como bem observou Moacyr Duarte em sua entrevista, n