A China é um país confiável?


O presidente da China, Hu Jintao, em seu discurso de Ano Novo (domingo, 1º de janeiro de 2012), prometeu que, em 2012, Pequim manterá “intercâmbios de amizade” com outros países e participará positivamente na comunidade internacional mediante a cooperação. Pode-se acreditar efetivamente nessa promessa? As evidências mostram que não.

Para começar, a China foi um dos primeiros países a sabotar o Protocolo de Quioto e, se depender dela, o nosso planeta continuará se aquecendo perigosamente na esteira do efeito estufa. Em segundo lugar, a China não respeita os direitos de propriedade industrial e fabrica cinicamente quantidades gigantes de produtos piratas, prejudicando marcas consagradas e as economias dos países de origem dessas marcas.

Ações de pirataria, falsificação e violações de direitos autorais na China provocaram perdas de até US$ 48 bilhões (R$ 78 bilhões) para empresas americanas em 2009, segundo um relatório de uma agência governamental dos EUA. Desses US$ 48 bilhões, quase 76% se devem a perdas em vendas, e o resto a prejuízos decorrentes de danos às marcas e do não-pagamento de royalties e de licenciamento, afirma a Comissão Internacional de Comércio dos EUA. Os setores mais afetados são os de software, música, eletrônicos, produtos químicos, filmes e bens manufaturados.

A China também é constantemente acusada de violar os direitos humanos, reprimir manifestações religiosas, controlar a internet e impedir os chineses de tomar maior conhecimento do que acontece para além de suas fronteiras.

Recentemente, especialistas independentes da ONU denunciaram que a polícia chinesa pratica intimidação, inspeções de segurança e vigilância sobre atividades e locais religiosos na província de Sichuan, principalmente nos monastérios budistas tibetanos. E há relatos sobre prisões e desaparecimentos forçados de centenas de monges, ao lado da restrição ao uso da internet e envio mensagens de celular, além do difícil acesso de jornalistas à região.

Outro grave problema: milhões de trabalhadores chineses estão condenados a cargas horárias desumanas e salários baixos, em regime de semi-escravidão. A segurança no trabalho, por sua vez, é questão há tempos negligenciada em algumas regiões industriais do país asiático. Um ano e meio após a aprovação de uma nova lei trabalhista, observadores garantem que as condições de trabalho pioraram nas fábricas do sul do país, cujos produtos são voltados para a exportação.

De acordo com o jornal New York Times, com o declínio das exportações chinesas e o aumento do desemprego decorrente da crise econômica mundial, aumentaram as evidências de que as fábricas estão ignorando a nova lei chinesa, e de que o governo está relutante em fazê-la valer. Críticos norte-americanos dizem que os governantes chineses temem as tensões sociais que poderiam aflorar, caso começassem a ocorrer demissões em massa.

Enquanto o Mundo Livre se regala consumindo produtos ordinários e baratos da China vermelha, mulheres operárias vivem em regime de virtual escravidão, recebendo até golpes de chicote elétrico. Essa preocupante informação está no estudo O sofrimento dos trabalhadores chineses, escrito pelos pesquisadores Anita Chan e Robert A. Senser para a revista norte-americana Foreign Affairs - publicada pelo Conselho para as Relações Exteriores, talvez a instituição que mais influi na política internacional dos Estados Unidos - e reproduzido no Brasil em encarte da Gazeta Mercantil de São Paulo, em 11-4-97 (pp. 3 a 8).

Do ponto de vista do regime político, a China pode ser definida como uma ditadura que reprime as vozes discordantes e encarcera os dissidentes. E o que dizer do problema demográfico? O país mais populoso do mundo restringe ferozmente a natalidade, pois seus líderes não sabem educar as pessoas nem para ter filhos nem para não tê-los.

Resumo da Ópera de Pequim: não convém confiar na China...

MÁRCIO SCHIAVO – Diretor-Presidente da COMUNICARTE – Marketing Cultural e Social Ltda. e Vice-Presidente de Responsabilidade Social da ADVB-PE.

MÁRIO MARGUTTI – Consultor e Assessor da COMUNICARTE – Marketing Cultural e Social Ltda.

***

Caso tenha sugestões ou comentários sobre esta matéria, por gentileza, envie para contato@comunicarte.com.br e aguarde nosso retorno. Grata, Equipe Comunicarte :)

Postagens mais visitadas deste blog

CONCEITO E EVOLUÇÃO DO MARKETING SOCIAL

TECNOLOGIA SOCIAL: O QUE É?

A produção cultural e a responsabilidade social corporativa

A importância do merchandising social

Existe morte... depois da morte.

NEM BENEMERÊNCIA NEM LIBERALISMO: O SOCIAL EM UM NOVO ENFOQUE

3E Sistema de Informação Gerencial Socioambiental

ÉPOCA DE MUDANÇA OU MUDANÇA DE ÉPOCA?