Entrevista de Marcio Schiavo para a Sociedade Brasileiro de Sexualidade Humana (SBRASH)
No último mês de julho, o diretor-presidente da Comunicarte, Marcio Schiavo, concedeu uma entrevista exclusiva para a Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana (SBRASH). Leia, a seguir, a entrevista completa, que aborda assuntos como sexualidade, identidade de gênero, influências da mídia e o desenvolvimento sexual de crianças e adolescentes.
Entrevista com Dr. Marcio Ruiz Schiavo
– Comunicador Social, Diretor-Presidente da COMUNICARTE, Secretário Geral da SBRASH
1. Mídia e sexualidade – uma relação inevitável?
O meio é a mensagem, conforme Marshall McLuhan agregou. Sexualidade e mídia andam juntas há muito tempo. É claro que alguns meios são suportes mais apropriados para mensagens sobre sexualidade. Mas de alguma maneira todos tem relação com a sexualidade.
As mídias sociais colocaram esta questão mais ainda em evidência. Facebook, Blogs e outras formas de exposição e busca, reforçaram as soluções entre mídia e sexualidade.
2. As construções das identidades de gênero são influenciadas pelos meios de comunicação?
Com certeza as identidades de gênero sofrem influência da mídia e, ao mesmo tempo, a influenciam.
A forma pela qual a masculinidade e a feminilidade são apresentadas na media, vão refletir em conhecimento, atitudes e práticas das pessoas quanto ao comportamento sexual.
De uma forma geral, esta influência tem sido positiva. Os direitos sexuais e reprodutivos e a equidade de gênero, por exemplo, devem parte de sua legitimação ao papel que a mídia desempenhou em relação a essas questões. Há ainda outras variáveis nas quais o papel da mídia também deve ser considerado, como os direitos dos homossexuais e o combate a homofobia. A mídia tem sido importante aliada nos avanços verificados no campo da sexualidade.
3. Em sua percepção, que meios de comunicação são mais eficazes para ditarem normas e comportamentos sexuais?
O meio mais eficaz, sem dúvida é a televisão. E na televisão são as telenovelas que mais influenciam as condutas sexuais. Uma mulher brasileira, nas diversas categorias em que podem ser classificadas, assiste durante seu período fértil (considerando este entre os 15 e 45 anos) de 9.000 a 15.000 horas de telenovelas. Em todas as novelas as questões sexuais ocupam total ou parcialmente o núcleo das tramas. O comportamento assumido pelos personagens masculinos e femininos acaba pautando muitas vezes a conduta das pessoas.
Da mesma forma que os modismos lançados pela televisão, telenovelas, as atitudes e práticas sexuais acabam por interferir no jeito de ver, sentir e agir da população em relação à sexualidade.
Não podemos também ignorar as novas mídias, ou mídias sociais, e seu efeitos, principalmente entre a população de adolescentes e jovens. As oportunidades de experiências e vivências sexuais presentes nestes meios cada vez mais interferem na vida sexual das pessoas.
4. É costume se ouvir dizer que os meios de comunicação contribuem para “acelerar a sexualidade de adolescentes”. Como o senhor analisa a questão?
O aumento de exposição a cenas e situações sexuais pode sim influir o conhecimento e atitudes dos adolescentes sobre sexualidade. No entanto não considero este fator determinante. Sexualidade é parte da vida e da identidade de cada pessoa, e portanto, está presente em todos os momentos, da concepção à morte. O início da vida sexual tem muito mais a ver com o estado nutricional da pessoa, por exemplo. Tradicionalmente a mulher inicia sua vida sexual três ou quatro anos após a menarca. Com a diminuição da menarca, a iniciação sexual também passou a ser mais cedo.
Por outro lado, como bem salientou Josué de Castro, as pessoas com alto grau de deficiência nutricional tendem a ter mais filhos, como resposta a preservação da própria espécie. Ou seja: mais que a mídia, o estado nutricional influi no exercício da sexualidade, tendo ou não impacto na reprodução.
Outras questões socioculturais também devem ser consideradas e não se pode atribuir um único fator a aceleração ou postergamento do exercício pleno da sexualidade.
5. Acredita que, de modo abrangente, programas de televisão interferem positivamente ou negativamente no desenvolvimento sexual das crianças?
Uma criança entre 2 e 6 anos tem mais tempo de exposição à televisão do que a mãe. A propriedade do que está assistindo irá refletir em seu desenvolvimento sexual. No entanto, como dito anteriormente, não se pode atribuir a um único fator o desenvolvimento sexual de uma criança.
O que a criança assiste e as experiências que vivencia poderá ter impacto positivo ou negativo, não só em sua sexualidade, mas em todo seu processo de desenvolvimento físico, emocional e intelectual.
6. O que devem fazer os pais quando constatam que suas crianças e os adolescentes estão seguindo exemplos, por eles considerados inapropriados, de personagens de telenovelas?
Diversas pesquisas focam nas possíveis influências, positivas ou negativas, que a ficção pode proporcionar. E esta preocupação vem de longe.
Tomemos como exemplo as histórias infantis contadas por nossas avós (ou bisavós,...). Os reinos encantados, povoados por fadas, princesas e duendes onde, forças do bem ou do mal interagem todo o tempo, poderiam também ser responsabilizados por comportamentos perniciosos ou generosos nas pessoas. Isso sempre existiu, mudando-se apenas o meio de comunicação e o acesso aos mesmos. Os arquétipos seguem sendo os de sempre.
É claro que se espera que um pai e uma mãe eduquem seus filhos. Essas funções não podem ser substituídas pela televisão ou mesmo por um ingresso mais cedo no sistema escolar. Mãe e Pai são insubstituíveis em seus papéis.
O que se verifica com frequência é que, mais que sobrar televisão, falta pai e mãe para as crianças.
7. E como podem os/as professores/as educarem para uma sexualidade saudável, considerando a forte influência da mídia no comportamento sexual de seus alunos?
Professores são facilitadores do processo de ensino-aprendizagem. O papel que a eles correspondem na formação da sexualidade é relevante.
O problema é que quase sempre os professores não estão preparados para desempenhar seus papéis de forma apropriada. O certo e o errado, em se tratando de sexualidade, não têm limites às vezes tão claros.
Imagine um professor de matemática que não saiba resolver as quatro operações. Da mesma forma, o simples fato de ser professor não qualifica para saber sobre sexualidade, principalmente quanto ao papel que deve desempenhar nas relações educador/ educando.
O simples fato de qualificar a sexualidade como saudável (ou não) já é controverso. Um determinado comportamento pode ser considerado correto por uns e errado por outros. Este fato alimenta a polêmica e os debates sobre a legislação no que se tange aos comportamentos sexuais de diferentes grupos sociais.
Para uns, ter um professor de idiomas homossexual não tem problemas. Mas se este professor der aulas de sexualidade, muitos irão reclamar...
8. Considera os meios de comunicação disseminadores de exemplos de preconceitos e estereótipos sexuais e de gênero?
Os meios de comunicação e seus conteúdos são feitos por pessoas. Pessoas preconceituosas e portadoras de estereótipos sexuais e de gênero produzirão conteúdos preconceituosos e estereotipados.
O meio, em si, não pode ser responsabilizado pelo mal uso que dele se faz. Não devemos atribuir à mídia os males feitos de seus produtores. É um princípio bíblico: "a Cezar o que é de Cezar". "A Deus o que é de Deus".
9. E com relação à violência sexual? A mídia, como veículo de divulgação do fenômeno, contribui para a diminuição ou se constitui em estímulo à prática dos agressores?
Uma das definições de comunicação é tornar comum alguma coisa. Neste sentido, quando se divulga atos de violência, sejam eles de natureza sexual ou não, os mesmos são tornados comuns e não uma execrância que não deve ser tolerada.
A repetição desses atos e a frequência com que são divulgados contribuem para a forma com que serão percebidos. No entanto, afirmar que a divulgação de atos de violência sexual contribui diretamente para o aumento ou diminuição dos mesmos é um exagero de interpretação.
10. Em sua opinião, a mídia incrementa o aumento da demanda social pela transexualização que vem acontecendo nos últimos anos?
A transexualização, quando bem identificada e conduzida com ética e seriedade, é uma questão muito específica. O que pode acontecer – e é bom que aconteça - é o fato de uma pessoa que se vê nesta situação, a partir de uma reportagem, por exemplo, buscar atendimento apropriado. Ou seja: a divulgação de um caso de transexualização anima a outra pessoa que se identifica com o caso divulgado, a procurar solução também para o seu caso.
A comunicação reduz incertezas e facilita o acesso a uma eventual solução.
Promover a transexualização como um “produto ao alcance de todos”, evidentemente, é uma bobagem que deve ser considerada.
11. Acredita que a mídia contribua para uma maior aceitação da diversidade sexual na atualidade?
Sem dúvida as mídias contribuem para aumentar a aceitação da diversidade sexual. Exemplificar casos e situações, comportamentos prevalentes na família, na escola, no ambiente de trabalho, mostrando com exemplo que tolerância é uma virtude, contribui para a aceitação da diversidade sexual. O mesmo ocorre com a aceitação de outras culturas, religiões ou etnias.
12. Sendo comunicólogo, o que vê de positivo para a sexualidade, veiculado pela mídia, na contemporaneidade?
Temos no nosso planeta cerca de 7 bilhões de pessoas. Os principais indicadores sociais vêm apresentando melhoras, embora mais lentamente do que desejamos, é verdade.
Nas questões que envolvem o exercício da sexualidade e a reprodução, os avanços tem sido significativos e os meios de comunicação são atores importantes nos avanços alcançados.
O uso de métodos anticoncepcionais seguros permite que as pessoas separem conscientemente sexo de reprodução. A taxa de fertilidade no Brasil, por exemplo, caiu de mais de 5 filhos por mulher (nos anos 60) para cerca de 2 filhos por mulher (a partir do ano 2000).
Não é de se supor que a prática sexual tenha diminuído ou a libido do brasileiro ande em baixa. O que ocorre é que o exercício da sexualidade desvinculado da reprodução cresceu muito. Vários atores sociais contribuíram para isso, sem nenhuma dúvida, o acesso aos meios de comunicação e principalmente a televisão, tem importância relevante neste fenômeno.
A mídia ajudou a melhorar o exercício da sexualidade. No percurso pode ter havido exageros ou mesmo situações midiáticas indesejadas. Mas no balanço geral, os meios de comunicação são bons parceiros do sexo seguro, prazeroso e responsável.
Entrevista com Dr. Marcio Ruiz Schiavo
– Comunicador Social, Diretor-Presidente da COMUNICARTE, Secretário Geral da SBRASH
1. Mídia e sexualidade – uma relação inevitável?
O meio é a mensagem, conforme Marshall McLuhan agregou. Sexualidade e mídia andam juntas há muito tempo. É claro que alguns meios são suportes mais apropriados para mensagens sobre sexualidade. Mas de alguma maneira todos tem relação com a sexualidade.
As mídias sociais colocaram esta questão mais ainda em evidência. Facebook, Blogs e outras formas de exposição e busca, reforçaram as soluções entre mídia e sexualidade.
2. As construções das identidades de gênero são influenciadas pelos meios de comunicação?
Com certeza as identidades de gênero sofrem influência da mídia e, ao mesmo tempo, a influenciam.
A forma pela qual a masculinidade e a feminilidade são apresentadas na media, vão refletir em conhecimento, atitudes e práticas das pessoas quanto ao comportamento sexual.
De uma forma geral, esta influência tem sido positiva. Os direitos sexuais e reprodutivos e a equidade de gênero, por exemplo, devem parte de sua legitimação ao papel que a mídia desempenhou em relação a essas questões. Há ainda outras variáveis nas quais o papel da mídia também deve ser considerado, como os direitos dos homossexuais e o combate a homofobia. A mídia tem sido importante aliada nos avanços verificados no campo da sexualidade.
3. Em sua percepção, que meios de comunicação são mais eficazes para ditarem normas e comportamentos sexuais?
O meio mais eficaz, sem dúvida é a televisão. E na televisão são as telenovelas que mais influenciam as condutas sexuais. Uma mulher brasileira, nas diversas categorias em que podem ser classificadas, assiste durante seu período fértil (considerando este entre os 15 e 45 anos) de 9.000 a 15.000 horas de telenovelas. Em todas as novelas as questões sexuais ocupam total ou parcialmente o núcleo das tramas. O comportamento assumido pelos personagens masculinos e femininos acaba pautando muitas vezes a conduta das pessoas.
Da mesma forma que os modismos lançados pela televisão, telenovelas, as atitudes e práticas sexuais acabam por interferir no jeito de ver, sentir e agir da população em relação à sexualidade.
Não podemos também ignorar as novas mídias, ou mídias sociais, e seu efeitos, principalmente entre a população de adolescentes e jovens. As oportunidades de experiências e vivências sexuais presentes nestes meios cada vez mais interferem na vida sexual das pessoas.
4. É costume se ouvir dizer que os meios de comunicação contribuem para “acelerar a sexualidade de adolescentes”. Como o senhor analisa a questão?
O aumento de exposição a cenas e situações sexuais pode sim influir o conhecimento e atitudes dos adolescentes sobre sexualidade. No entanto não considero este fator determinante. Sexualidade é parte da vida e da identidade de cada pessoa, e portanto, está presente em todos os momentos, da concepção à morte. O início da vida sexual tem muito mais a ver com o estado nutricional da pessoa, por exemplo. Tradicionalmente a mulher inicia sua vida sexual três ou quatro anos após a menarca. Com a diminuição da menarca, a iniciação sexual também passou a ser mais cedo.
Por outro lado, como bem salientou Josué de Castro, as pessoas com alto grau de deficiência nutricional tendem a ter mais filhos, como resposta a preservação da própria espécie. Ou seja: mais que a mídia, o estado nutricional influi no exercício da sexualidade, tendo ou não impacto na reprodução.
Outras questões socioculturais também devem ser consideradas e não se pode atribuir um único fator a aceleração ou postergamento do exercício pleno da sexualidade.
5. Acredita que, de modo abrangente, programas de televisão interferem positivamente ou negativamente no desenvolvimento sexual das crianças?
Uma criança entre 2 e 6 anos tem mais tempo de exposição à televisão do que a mãe. A propriedade do que está assistindo irá refletir em seu desenvolvimento sexual. No entanto, como dito anteriormente, não se pode atribuir a um único fator o desenvolvimento sexual de uma criança.
O que a criança assiste e as experiências que vivencia poderá ter impacto positivo ou negativo, não só em sua sexualidade, mas em todo seu processo de desenvolvimento físico, emocional e intelectual.
6. O que devem fazer os pais quando constatam que suas crianças e os adolescentes estão seguindo exemplos, por eles considerados inapropriados, de personagens de telenovelas?
Diversas pesquisas focam nas possíveis influências, positivas ou negativas, que a ficção pode proporcionar. E esta preocupação vem de longe.
Tomemos como exemplo as histórias infantis contadas por nossas avós (ou bisavós,...). Os reinos encantados, povoados por fadas, princesas e duendes onde, forças do bem ou do mal interagem todo o tempo, poderiam também ser responsabilizados por comportamentos perniciosos ou generosos nas pessoas. Isso sempre existiu, mudando-se apenas o meio de comunicação e o acesso aos mesmos. Os arquétipos seguem sendo os de sempre.
É claro que se espera que um pai e uma mãe eduquem seus filhos. Essas funções não podem ser substituídas pela televisão ou mesmo por um ingresso mais cedo no sistema escolar. Mãe e Pai são insubstituíveis em seus papéis.
O que se verifica com frequência é que, mais que sobrar televisão, falta pai e mãe para as crianças.
7. E como podem os/as professores/as educarem para uma sexualidade saudável, considerando a forte influência da mídia no comportamento sexual de seus alunos?
Professores são facilitadores do processo de ensino-aprendizagem. O papel que a eles correspondem na formação da sexualidade é relevante.
O problema é que quase sempre os professores não estão preparados para desempenhar seus papéis de forma apropriada. O certo e o errado, em se tratando de sexualidade, não têm limites às vezes tão claros.
Imagine um professor de matemática que não saiba resolver as quatro operações. Da mesma forma, o simples fato de ser professor não qualifica para saber sobre sexualidade, principalmente quanto ao papel que deve desempenhar nas relações educador/ educando.
O simples fato de qualificar a sexualidade como saudável (ou não) já é controverso. Um determinado comportamento pode ser considerado correto por uns e errado por outros. Este fato alimenta a polêmica e os debates sobre a legislação no que se tange aos comportamentos sexuais de diferentes grupos sociais.
Para uns, ter um professor de idiomas homossexual não tem problemas. Mas se este professor der aulas de sexualidade, muitos irão reclamar...
8. Considera os meios de comunicação disseminadores de exemplos de preconceitos e estereótipos sexuais e de gênero?
Os meios de comunicação e seus conteúdos são feitos por pessoas. Pessoas preconceituosas e portadoras de estereótipos sexuais e de gênero produzirão conteúdos preconceituosos e estereotipados.
O meio, em si, não pode ser responsabilizado pelo mal uso que dele se faz. Não devemos atribuir à mídia os males feitos de seus produtores. É um princípio bíblico: "a Cezar o que é de Cezar". "A Deus o que é de Deus".
9. E com relação à violência sexual? A mídia, como veículo de divulgação do fenômeno, contribui para a diminuição ou se constitui em estímulo à prática dos agressores?
Uma das definições de comunicação é tornar comum alguma coisa. Neste sentido, quando se divulga atos de violência, sejam eles de natureza sexual ou não, os mesmos são tornados comuns e não uma execrância que não deve ser tolerada.
A repetição desses atos e a frequência com que são divulgados contribuem para a forma com que serão percebidos. No entanto, afirmar que a divulgação de atos de violência sexual contribui diretamente para o aumento ou diminuição dos mesmos é um exagero de interpretação.
10. Em sua opinião, a mídia incrementa o aumento da demanda social pela transexualização que vem acontecendo nos últimos anos?
A transexualização, quando bem identificada e conduzida com ética e seriedade, é uma questão muito específica. O que pode acontecer – e é bom que aconteça - é o fato de uma pessoa que se vê nesta situação, a partir de uma reportagem, por exemplo, buscar atendimento apropriado. Ou seja: a divulgação de um caso de transexualização anima a outra pessoa que se identifica com o caso divulgado, a procurar solução também para o seu caso.
A comunicação reduz incertezas e facilita o acesso a uma eventual solução.
Promover a transexualização como um “produto ao alcance de todos”, evidentemente, é uma bobagem que deve ser considerada.
11. Acredita que a mídia contribua para uma maior aceitação da diversidade sexual na atualidade?
Sem dúvida as mídias contribuem para aumentar a aceitação da diversidade sexual. Exemplificar casos e situações, comportamentos prevalentes na família, na escola, no ambiente de trabalho, mostrando com exemplo que tolerância é uma virtude, contribui para a aceitação da diversidade sexual. O mesmo ocorre com a aceitação de outras culturas, religiões ou etnias.
12. Sendo comunicólogo, o que vê de positivo para a sexualidade, veiculado pela mídia, na contemporaneidade?
Temos no nosso planeta cerca de 7 bilhões de pessoas. Os principais indicadores sociais vêm apresentando melhoras, embora mais lentamente do que desejamos, é verdade.
Nas questões que envolvem o exercício da sexualidade e a reprodução, os avanços tem sido significativos e os meios de comunicação são atores importantes nos avanços alcançados.
O uso de métodos anticoncepcionais seguros permite que as pessoas separem conscientemente sexo de reprodução. A taxa de fertilidade no Brasil, por exemplo, caiu de mais de 5 filhos por mulher (nos anos 60) para cerca de 2 filhos por mulher (a partir do ano 2000).
Não é de se supor que a prática sexual tenha diminuído ou a libido do brasileiro ande em baixa. O que ocorre é que o exercício da sexualidade desvinculado da reprodução cresceu muito. Vários atores sociais contribuíram para isso, sem nenhuma dúvida, o acesso aos meios de comunicação e principalmente a televisão, tem importância relevante neste fenômeno.
A mídia ajudou a melhorar o exercício da sexualidade. No percurso pode ter havido exageros ou mesmo situações midiáticas indesejadas. Mas no balanço geral, os meios de comunicação são bons parceiros do sexo seguro, prazeroso e responsável.