A ESQUERDA EMBURRECEU OU A BURRICE ESQUERDOU?
A JMA (o sociólogo)
Até as décadas de 60/ 70, a inteligência era um atributo essencial da esquerda. Ter uma formação intelectual sólida, manter-se atualizado com o cenário geopolítico mundial, frequentar polos produtores e disseminadores de cultura, eram obrigação de todos os esquerdistas, socialistas e comunistas. Não se via um bom companheiro, sem um livro na mão e muitas ideias na cabeça.
A utopia de um mundo melhor, possível equânime, construído pelas forças progressistas parecia alcançável, bastando para tanto, conquistar o coração e a mente das massas. E a cada dia, um novo exemplo acenava com a diminuição da distância entre o mundo sonhado e o real.
Não nos demos conta de que, enquanto construíamos alicerces teóricos e propagávamos exceções que enchiam de orgulho as cabeças pensantes, a velha direita e seu progmatismo de resultados, apostava cada ficha na hipótese de que poder é poder, e quem o detém, não abre mão de exercê-lo em causa própria, esquecendo a própria causa pela qual lutaram. Mesmo que fosse por mera figuração, semelhante ao que fazem certas pessoas que desfilam pelas escolas de samba comprando suas fantasias na véspera do desfile. Elas não pensaram aquele enredo, não estruturaram as alas, não se preocuparam em contar uma história ao longo da melhor maneira ao longo do desfile. Não sabem sequer o significado da Comissão de Frente. Querem apenas participar do espetáculo, fantasiando-se do que não são, agradecendo os aplausos e usurpando emoções alheias.
E a direita Darwiniana apostou na evolução. Quando chegar ao poder, a esquerda haveria de endireitar-se, assumir o modo de agir de quem criticavam, adotar a máxima de que “agora é nossa vez”, mesmo que para isso não se devesse tocar nos privilégios consagrados e assegurados aos detentores do capital. Afinal, se podem ser neo-capitalistas, por que continuarem sendo velhos bobos? Contrariariam a tese de que é melhor entregar os anéis para manter os dedos. Entregar os próprios dedos, ao menos um, é a forma mais rápida de possuírem anéis. E dinheiro é dinheiro, verde ou vermelho, compra ideologias no atacado e no varejo: aprenderam rápido os novos esquerdistas.
Não são capazes de entender – muito menos explicar, a importância histórica de ter sido eleito um (mau) operário, tornado um bom político, para a presidência da república. Não reconhecem a simbólica culminância das teses de movimentos sociais, ao eleger uma mulher para presidente. Para estes, a presidente não passa de um poste, sem a luz própria, obra de um único personagem, em conflito com seus autores.
Sim, a esquerda chegou às massas. Mas a massa não chegou à esquerda. Quem a conquistou foi a direita, fazendo com que provassem dos sabores mais inconfessáveis, aqueles que combatiam, antes mesmo de prová-los. Mas ao adoçar sua própria boca, a nova esquerda emudeceu sua língua, fazendo prevalecer o silêncio dos privilegiados. Amoleceram e perderam a ternura.
“E agora José?” Como mudar “este tempo de partidas, de mãos viajando sem braços, de obscenos gestos avulsos”.
Pasárgada não nos espera. É preciso construí-la e ainda necessitaremos de algumas gerações para alcançá-la. Mas é nosso dever – e de nosso tempo, continuar tentando. Não mais com lutas, mas com PAZ. Devemos ser “PAZEIROS E NÃO GUERREIROS, pois, como está provado, na guerra todos saem vencidos”.
MARCIO SCHIAVO, Diretor-presidente da COMUNICARTE
***
Caso tenha sugestões ou comentários sobre esta matéria, por gentileza, envie para comunicarte@comunicarte.com.br e aguarde nosso retorno. Grata, Equipe Comunicarte :)
Até as décadas de 60/ 70, a inteligência era um atributo essencial da esquerda. Ter uma formação intelectual sólida, manter-se atualizado com o cenário geopolítico mundial, frequentar polos produtores e disseminadores de cultura, eram obrigação de todos os esquerdistas, socialistas e comunistas. Não se via um bom companheiro, sem um livro na mão e muitas ideias na cabeça.
A utopia de um mundo melhor, possível equânime, construído pelas forças progressistas parecia alcançável, bastando para tanto, conquistar o coração e a mente das massas. E a cada dia, um novo exemplo acenava com a diminuição da distância entre o mundo sonhado e o real.
Não nos demos conta de que, enquanto construíamos alicerces teóricos e propagávamos exceções que enchiam de orgulho as cabeças pensantes, a velha direita e seu progmatismo de resultados, apostava cada ficha na hipótese de que poder é poder, e quem o detém, não abre mão de exercê-lo em causa própria, esquecendo a própria causa pela qual lutaram. Mesmo que fosse por mera figuração, semelhante ao que fazem certas pessoas que desfilam pelas escolas de samba comprando suas fantasias na véspera do desfile. Elas não pensaram aquele enredo, não estruturaram as alas, não se preocuparam em contar uma história ao longo da melhor maneira ao longo do desfile. Não sabem sequer o significado da Comissão de Frente. Querem apenas participar do espetáculo, fantasiando-se do que não são, agradecendo os aplausos e usurpando emoções alheias.
E a direita Darwiniana apostou na evolução. Quando chegar ao poder, a esquerda haveria de endireitar-se, assumir o modo de agir de quem criticavam, adotar a máxima de que “agora é nossa vez”, mesmo que para isso não se devesse tocar nos privilégios consagrados e assegurados aos detentores do capital. Afinal, se podem ser neo-capitalistas, por que continuarem sendo velhos bobos? Contrariariam a tese de que é melhor entregar os anéis para manter os dedos. Entregar os próprios dedos, ao menos um, é a forma mais rápida de possuírem anéis. E dinheiro é dinheiro, verde ou vermelho, compra ideologias no atacado e no varejo: aprenderam rápido os novos esquerdistas.
Não são capazes de entender – muito menos explicar, a importância histórica de ter sido eleito um (mau) operário, tornado um bom político, para a presidência da república. Não reconhecem a simbólica culminância das teses de movimentos sociais, ao eleger uma mulher para presidente. Para estes, a presidente não passa de um poste, sem a luz própria, obra de um único personagem, em conflito com seus autores.
Sim, a esquerda chegou às massas. Mas a massa não chegou à esquerda. Quem a conquistou foi a direita, fazendo com que provassem dos sabores mais inconfessáveis, aqueles que combatiam, antes mesmo de prová-los. Mas ao adoçar sua própria boca, a nova esquerda emudeceu sua língua, fazendo prevalecer o silêncio dos privilegiados. Amoleceram e perderam a ternura.
“E agora José?” Como mudar “este tempo de partidas, de mãos viajando sem braços, de obscenos gestos avulsos”.
Pasárgada não nos espera. É preciso construí-la e ainda necessitaremos de algumas gerações para alcançá-la. Mas é nosso dever – e de nosso tempo, continuar tentando. Não mais com lutas, mas com PAZ. Devemos ser “PAZEIROS E NÃO GUERREIROS, pois, como está provado, na guerra todos saem vencidos”.
MARCIO SCHIAVO, Diretor-presidente da COMUNICARTE
***
Caso tenha sugestões ou comentários sobre esta matéria, por gentileza, envie para comunicarte@comunicarte.com.br e aguarde nosso retorno. Grata, Equipe Comunicarte :)