Ai meu Deus, que saudades da Amélia
Por Marcio Schiavo
Embora óbvia e as vezes até inapropriada, me vem a cabeça a música de Mario Lago que eternizou as Amélias: ai meu Deus, que saudades da Amélia...
E mais uma vez é Amélia Gonzalez que coloca o dedo da consciência na cabeça da ferida: a Responsabilidade Social Empresarial está agonizando. Uma sequência de eventos ocorreram como se estivessem sinalizando e deveriam ter sido melhor percebidos. Sem dúvidas um dos mais significativos foi o "descomissionamento" da RAZÃO SOCIAL. Se com razão já era difícil argumentar, imagine sem ela. E outros avisos vieram. E a visibilidade para ações transformadoras seguiu perdendo espaço.
No discurso, Responsabilidade Social é parte dos negócios. Os índices (Dow Jones e ISE) confirmavam que as ações de RS valorizavam as ações de R$ das companhias, pois "agregam valor à marca", frase esta que de tanto ser usada, ficou marcada na memória dos executivos cada vez mais zelosos com os interesses dos acionistas.
Investimento Social Privado, muitas vezes com dinheiro público, virou moda. Multiplicaram-se os Institutos e Fundações Empresariais, em um verdadeiro exercício de filantropia endógena. Como consequência, os controladores do capital financeiro aspiram também concentrar o capital social, como para manter no mesmo barco os geradores de problemas ao lado de quem oferta de soluções. Em alguns casos organizações sociais surgiram como se fossem "distração para herdeiros", unindo causas legítimas à lideranças improváveis.
A simbiose entre a agenda social e o mundo dos negócios levou alguns líderes empresariais a ocuparem postos importantes em organizações sociais, em uma espécie de união que durou até que a corrupção os separou. Até que a moda passou. Outros estilistas entraram em cena e a Responsabilidade Social perdeu o glamour do início do movimento. Deixa de ser necessária, some dos organogramas e, no máximo, se converte em estratégia para engabelar "comunidades do entorno" dos empreendimentos. A visão "empresocêntrica" entende a empresa como centro de uma região, subvertendo a geografia. O resto é entorno. Não faltou quem atentasse que uma área de RS não era mais necessária. A responsabilidade é transversal, portanto inerente a todas as áreas. Repete-se assim a receita de que, sendo responsabilidade de todos, ninguém especificamente é cobrado por ela.
E por conta da conta, até dois cafés foram cortados. É a crise!
Link para a matéria de Amélia Gonzalez:
https://g1.globo.com/natureza/blog/amelia-gonzalez/post/2019/02/01/brumadinho-expoe-fragilidade-do-conceito-de-responsabilidade-social-corporativa.ghtml?fbclid=IwAR0ajMiKKrdpm-1AUkaDS2yhBeFU5M6THzo2FffLkjHDWDJMM3NfkR2tlM0
Embora óbvia e as vezes até inapropriada, me vem a cabeça a música de Mario Lago que eternizou as Amélias: ai meu Deus, que saudades da Amélia...
E mais uma vez é Amélia Gonzalez que coloca o dedo da consciência na cabeça da ferida: a Responsabilidade Social Empresarial está agonizando. Uma sequência de eventos ocorreram como se estivessem sinalizando e deveriam ter sido melhor percebidos. Sem dúvidas um dos mais significativos foi o "descomissionamento" da RAZÃO SOCIAL. Se com razão já era difícil argumentar, imagine sem ela. E outros avisos vieram. E a visibilidade para ações transformadoras seguiu perdendo espaço.
No discurso, Responsabilidade Social é parte dos negócios. Os índices (Dow Jones e ISE) confirmavam que as ações de RS valorizavam as ações de R$ das companhias, pois "agregam valor à marca", frase esta que de tanto ser usada, ficou marcada na memória dos executivos cada vez mais zelosos com os interesses dos acionistas.
Investimento Social Privado, muitas vezes com dinheiro público, virou moda. Multiplicaram-se os Institutos e Fundações Empresariais, em um verdadeiro exercício de filantropia endógena. Como consequência, os controladores do capital financeiro aspiram também concentrar o capital social, como para manter no mesmo barco os geradores de problemas ao lado de quem oferta de soluções. Em alguns casos organizações sociais surgiram como se fossem "distração para herdeiros", unindo causas legítimas à lideranças improváveis.
A simbiose entre a agenda social e o mundo dos negócios levou alguns líderes empresariais a ocuparem postos importantes em organizações sociais, em uma espécie de união que durou até que a corrupção os separou. Até que a moda passou. Outros estilistas entraram em cena e a Responsabilidade Social perdeu o glamour do início do movimento. Deixa de ser necessária, some dos organogramas e, no máximo, se converte em estratégia para engabelar "comunidades do entorno" dos empreendimentos. A visão "empresocêntrica" entende a empresa como centro de uma região, subvertendo a geografia. O resto é entorno. Não faltou quem atentasse que uma área de RS não era mais necessária. A responsabilidade é transversal, portanto inerente a todas as áreas. Repete-se assim a receita de que, sendo responsabilidade de todos, ninguém especificamente é cobrado por ela.
E por conta da conta, até dois cafés foram cortados. É a crise!
Link para a matéria de Amélia Gonzalez:
https://g1.globo.com/natureza/blog/amelia-gonzalez/post/2019/02/01/brumadinho-expoe-fragilidade-do-conceito-de-responsabilidade-social-corporativa.ghtml?fbclid=IwAR0ajMiKKrdpm-1AUkaDS2yhBeFU5M6THzo2FffLkjHDWDJMM3NfkR2tlM0