Rio+20 será adiada

Quando estava participando da reunião do G20 em Cannes, na França, na última-sexta-feira, a presidenta Dilma Roussef anunciou que a Conferência Rio+20 vai ser adiada de 4 para 20 de junho do ano que vem. A mudança na data deve-se, de acordo com a presidenta, a dois motivos: a celebração dos 60 anos de coroação da Rainha Elizabeth da Inglaterra, e a proximidade de outro encontro do G20.

Dilma informou que a ONU está de acordo com o adiamento e realçou que a Rio+20 precisará ter mais sucesso que a última edição da Conferência de Mudanças Climáticas promovida em dezembro de 2009 em Copenhague, na Dinamarca, que fracassou porque os países participantes não chegaram a fazer acordos relevantes. Além disso, a presidenta sublinhou que a Rio+20 não será apenas palco de debates sobre questões ambientais, mas tratará também de “economia verde, erradicação da pobreza e governança internacional para o desenvolvimento sustentável”.

A posição de Dilma é a de cobrar ações mais concretas das nações ricas: “A responsabilidade pública dos países desenvolvidos é central e deve ser combinada com a participação da iniciativa privada. Na questão financiamento, não pode haver obrigações intransponíveis para os países em desenvolvimento”, declarou ela. O adiamento do encontro gerou desconfiança: alguns especialistas acreditam que existe uma certa negligência da ONU quanto à Rio+20. A começar pelo pouco tempo: A Rio+20 terá apenas três dias oficiais e não 15, como é rotina nas reuniões desse tipo. Em conseqüência, está-se generalizando a impressão de que as decisões tomadas na Rio+20 representarão um simples balanço do que aconteceu nos últimos 20 anos que a separam da Rio-92, marco na história socioambiental mundial. Em outras palavras, dificilmente a Rio+20 irá materializar grandes resoluções ou acordos políticos, até por causa da crise econômica da zona do euro, que ainda assombra os governos e os povos dos países da Europa.

De qualquer forma, a Rio+20 será uma oportunidade imperdível para que o mundo inteiro analise o modelo atual de desenvolvimento, para encontrar novos rumos em direção à economia verde e ao desenvolvimento sustentável. A Comunicarte já realçou aqui mesmo, neste blog, que o mundo precisa mesmo é de uma economia colorida, como preconizou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF): verde, sim, no que diz respeito à salvaguarda dos recursos naturais, mas também vermelha no que tange à destinação dos produtos e à erradicação da pobreza, branca na construção de um cenário sem guerras e sem violência, amarela na criação de bens de alta tecnologia, que não devem ser privilégios restritos aos países mais ricos, e azul na medida em que deverá ser uma economia muito mais comprometida com o bem-estar das pessoas do que com a produção e a renda.

Apesar das suspeitas que já pairam sobre a Rio+20, a participação brasileira deverá ser pautada pela busca da maior sintonia possível entre os anseios da sociedade civil e as proposições da iniciativa privada. Acima de tudo porque somente essa articulação poderá proporcionar maior impacto sobre os resultados finais da Conferência da ONU.

MÁRCIO SCHIAVO – Diretor-Presidente da COMUNICARTE Marketing Cultural e Social Ltda. e Vice-Presidente de Responsabilidade Social da ADVB-PE.

MÁRIO MARGUTTI – Consultor e Assessor da COMUNICARTE Marketing Cultural e Social Ltda.

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