Atualidades do Global Compact

Desde que foi lançado pela Organização das Nações Unidas, há 11 anos, o movimento internacional Global Compact se tornou a vanguarda dos esforços da ONU para fazer da iniciativa privada uma agente evolutiva do desenvolvimento sustentável. A iniciativa tornou-se, efetivamente, planetária: dela participam mais de 6.000 empresas em mais de 135 países. E essas empresas são de grande e de pequeno porte, atuam tanto nos países desenvolvidos como nas nações em desenvolvimento e englobam todos os setores de atividades, da indústria à prestação de serviços.

A proximidade da Conferência Rio+20 (que será realizada de 4 a 6 de junho do ano que vem) é mais uma circunstância que fortalece a participação do setor privado na construção de uma economia global verdadeiramente sustentável, na qual o crescimento da rentabilidade seja também sinônimo de preservação dos recursos naturais e da construção de sociedades mais inclusivas e mais justas.

Exemplos de boas posturas empresariais não faltam. O Relatório de 2011 da ONU do Global Compact está repleto de descrições de histórias de negócios que iluminam o projeto das Nações Unidas – e que enfocam desde a proteção dos direitos de minorias indígenas aos esforços para promover a equidade de gênero ou preservar a existência de água potável no planeta. Documentamos a seguir algumas dessas histórias exemplares e inspiradoras:

1) Uma parceria entre a Nestlé e o Instituto Dinamarquês pelos Direitos Humanos fez com que a empresa reformulasse para melhor sua política de proteção aos direitos humanos dos seus empregados, nas 450 fábricas que a organização possui pelo mundo afora (metade delas está em países em desenvolvimento, como a Colômbia ou a Nigéria). A reformulação passou pela elaboração do documento intitulado Princípios de Negócios Corporativos da Nestlé, que partiu de pesquisas do Instituto dinamarquês junto a sindicatos, ONGs, autoridades e fazendeiros de diversos países em que a empresa atua, com o objetivo de analisar os impactos locais da companhia. A aplicação dos princípios é monitorada continuamente por uma empresa de auditoria externa e também por uma equipe interna, criada especificamente para essa finalidade. Janet Voûte, vice-presidente da Nestlé para Public Affairs, declarou: “esta é a mais construtiva e a mais profissional parceria público-privada que eu já vi, em um longo período de tempo”.

2) A concessionária de rodovias Autostrade per l’Italia destacou-se por sua nova política de segurança. Criou Conselhos de Saúde e segurança em todas as suas unidades. Participam dos Conselhos representantes dos sindicatos dos trabalhadores, executivos da empresa e especialistas em segurança industrial. O papel dos Conselhos é identificar iniciativas, projetos e soluções para a melhoria dos padrões de segurança nas atividades da companhia, além de monitorar os casos de acidentes e doenças ocupacionais.

3) A Deutsche Telecom estabeleceu quotas para mulheres na diretoria, tornando-se a primeira empresa DAX 30 a tomar essa atitude. Para quem não sabe, a DAX 30 é uma relação das trinta companhias abertas de melhor performance financeira da Alemanha, com base no sistema Xetra da Bolsa de Valores de Frankfurt. O sistema de quotas postula que, até o final do ano 2015, 30% dos cargos de alta e média gerência da Deutsche Telecom serão preenchidos por mulheres.

4) O BRADESCO é o representante do Brasil no Relatório Anual de 2011 do Global Compact. O banco integra a publicação porque, em 2007, concebeu o projeto Banco do Planeta, que passou a reger todas as operações da instituição, com base em três princípios: sustentabilidade financeira, governança responsável e investimentos socioambientais. Além disso, o banco marca presença em todos os 5.565 municípios brasileiros, e por esse motivo tornou-se símbolo de democratização do acesso à população aos produtos e serviços bancários.

Os exemplos de atitudes empresariais exemplares, que constam do Relatório da ONU, são dezenas e não cabem no pequeno espaço desta coluna. Por isso, registramos aqui apenas mais um caso modelar:

5) A Coca-Cola Hellenic é um empresa que resultou da fusão entre uma filial ateniense da Coca-Cola e uma filial londrina, tornando-se a maior vendedora do refrigerante na Europa: atende a 560 milhões de pessoas, em 28 países. No Relatório 2011 do Global Compact, a empresa se destacou pelo uso consciente do mais valioso bem de consumo do planeta: a água potável. A companhia desenvolveu procedimentos para proteger a saúde dos aquíferos nos países em que opera, reduzir o uso de água nas operações das fábricas, zerar o desperdício do precioso líquido, atuar junto aos fornecedores para reduzir o uso indireto de água e fazer parcerias para proteger as bacias hidrográficas.

O que se espera é que as empresas brasileiras de todos os portes, inspiradas pelos exemplos acima relatados, concebam e materializem suas próprias boas iniciativas no campo do desenvolvimento sustentável.

MÁRCIO SCHIAVO – Diretor-Presidente da COMUNICARTE – Marketing Cultural e Social Ltda. e Vice-Presidente de Responsabilidade Social da ADVB-PE.

MÁRIO MARGUTTI – Consultor e Assessor da COMUNICARTE – Marketing Cultural e Social Ltda.

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