Gravidez na adolescência: um problema crescente
Segundo o Ministério da Saúde, 444.056 meninas e adolescentes brasileiras, entre 10 e 19 anos, tiveram filhos em 2009. A maioria dessas mães adolescentes são filhas de outras mães adolescentes. É como um ciclo perverso, que se repete e aumenta de proporções com o simples passar do tempo. Os números assustam: a cada ano, cerca de 20% das crianças que nascem no Brasil são filhas de adolescentes. Esse índice representa três vezes mais garotas menores de 15 anos grávidas do que na década de 70. O índice de gravidez entre adolescentes cresceu 150% em relação às duas últimas décadas. No Brasil, uma entre cada cinco jovens entre 15 a 19 anos já tiveram filho, descontadas aquelas que praticaram aborto. Em 1999, do total de 2,6 milhões de partos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 31 mil foram feitos em meninas com idade entre 10 e 14 anos e 673 mil entre 15 e 19 anos – o que corresponde a 28% do total de partos realizados na rede pública.
A Pesquisa Nacional em Demografia e Saúde, de 1996, mostrou um dado preocupante: 14% das adolescentes já tinham pelo menos um filho e as jovens mais pobres apresentavam fecundidade dez vezes maior. Entre as garotas grávidas atendidas pelo SUS no período de 1993 a 1998, houve aumento de 31% dos casos de meninas grávidas entre 10 e 14 anos. Nesses cinco anos, 50 mil adolescentes foram parar nos hospitais públicos devido a complicações de abortos clandestinos. Quase 3.000 na faixa dos 10 a 14 anos.
Em 2002, segundo a Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE, os dados, igualmente alarmantes, revelaram índices altos de gravidez na adolescência, uma vez que, entre as jovens de 15 a 17 anos, a proporção de mulheres no país com pelo menos um filho era de 7,3%. Na região metropolitana do Rio de Janeiro, esse índice chegava a 4,6% e, na região metropolitana de Fortaleza, 9,3%. Na comparação com as pesquisas anteriores, Maranhão, Ceará e Paraíba continuavam apresentando altas proporções de jovens adolescentes com filhos.
A grande maioria dessas adolescentes não tem condições financeiras nem emocionais para assumir a maternidade e, por causa da repressão familiar, muitas fogem de casa. E quase todas abandonam os estudos. Uma adolescente que engravida tem 3,5 vezes mais chances de abandonar a escola do que uma adolescente que não engravida. E aqui se revela outro ciclo vicioso: a baixa escolaridade é uma das principais causas da gravidez na adolescência.
Duas pesquisadoras do tema, Maria Sylvia de Souza Vitalle e Olga Maria Silvério Amâncio, ambas da UNIFESP, afirmam que, quando a atividade sexual tem como resultante a gravidez, pode gerar conseqüências tardias, tanto para a adolescente quanto para o recém-nascido. A adolescente poderá apresentar problemas de desenvolvimento emocional ou comportamental, dificuldades de aprendizado na escola, além de complicações na própria gravidez ou no momento do parto. Por isso, alguns autores consideram a gravidez na adolescência como sendo uma das possíveis complicações da atividade sexual.
Ainda segundo as duas autoras, o contexto familiar tem uma relação direta com a época em que se inicia a atividade sexual. As mulheres que iniciam sua vida sexual precocemente ou engravidam nesse período, em geral são de famílias cujas mães têm biografia parecida, ou seja, também iniciaram cedo sua vida sexual ou engravidaram durante a adolescência.
O problema precisa, portanto, urgentemente, ser enfrentado com ações preventivas. Os especialistas no assunto acreditam firmemente que mais informação e mais educação são as forças capazes de mudar essa trágica realidade. Cabe aos pedagogos fazerem sua parte, mas dentro da consciência de sua própria limitação: as escolas não podem ser as únicas responsáveis pela educação. Pais e mães precisam deixar sua postura passiva e assumir o papel que lhes cabe nessa empreitada. Toda boa educação começa dentro de casa e, quando os pais fazem a sua parte, muitos problemas futuros podem ser evitados. A gravidez na adolescência é apenas um deles.
MÁRCIO SCHIAVO – Diretor-Presidente da COMUNICARTE – Marketing Cultural e Social Ltda. e Vice-Presidente de Responsabilidade Social da ADVB-PE.
MÁRIO MARGUTTI – Consultor e Assessor da COMUNICARTE – Marketing Cultural e Social Ltda.
A Pesquisa Nacional em Demografia e Saúde, de 1996, mostrou um dado preocupante: 14% das adolescentes já tinham pelo menos um filho e as jovens mais pobres apresentavam fecundidade dez vezes maior. Entre as garotas grávidas atendidas pelo SUS no período de 1993 a 1998, houve aumento de 31% dos casos de meninas grávidas entre 10 e 14 anos. Nesses cinco anos, 50 mil adolescentes foram parar nos hospitais públicos devido a complicações de abortos clandestinos. Quase 3.000 na faixa dos 10 a 14 anos.
Em 2002, segundo a Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE, os dados, igualmente alarmantes, revelaram índices altos de gravidez na adolescência, uma vez que, entre as jovens de 15 a 17 anos, a proporção de mulheres no país com pelo menos um filho era de 7,3%. Na região metropolitana do Rio de Janeiro, esse índice chegava a 4,6% e, na região metropolitana de Fortaleza, 9,3%. Na comparação com as pesquisas anteriores, Maranhão, Ceará e Paraíba continuavam apresentando altas proporções de jovens adolescentes com filhos.
A grande maioria dessas adolescentes não tem condições financeiras nem emocionais para assumir a maternidade e, por causa da repressão familiar, muitas fogem de casa. E quase todas abandonam os estudos. Uma adolescente que engravida tem 3,5 vezes mais chances de abandonar a escola do que uma adolescente que não engravida. E aqui se revela outro ciclo vicioso: a baixa escolaridade é uma das principais causas da gravidez na adolescência.
Duas pesquisadoras do tema, Maria Sylvia de Souza Vitalle e Olga Maria Silvério Amâncio, ambas da UNIFESP, afirmam que, quando a atividade sexual tem como resultante a gravidez, pode gerar conseqüências tardias, tanto para a adolescente quanto para o recém-nascido. A adolescente poderá apresentar problemas de desenvolvimento emocional ou comportamental, dificuldades de aprendizado na escola, além de complicações na própria gravidez ou no momento do parto. Por isso, alguns autores consideram a gravidez na adolescência como sendo uma das possíveis complicações da atividade sexual.
Ainda segundo as duas autoras, o contexto familiar tem uma relação direta com a época em que se inicia a atividade sexual. As mulheres que iniciam sua vida sexual precocemente ou engravidam nesse período, em geral são de famílias cujas mães têm biografia parecida, ou seja, também iniciaram cedo sua vida sexual ou engravidaram durante a adolescência.
O problema precisa, portanto, urgentemente, ser enfrentado com ações preventivas. Os especialistas no assunto acreditam firmemente que mais informação e mais educação são as forças capazes de mudar essa trágica realidade. Cabe aos pedagogos fazerem sua parte, mas dentro da consciência de sua própria limitação: as escolas não podem ser as únicas responsáveis pela educação. Pais e mães precisam deixar sua postura passiva e assumir o papel que lhes cabe nessa empreitada. Toda boa educação começa dentro de casa e, quando os pais fazem a sua parte, muitos problemas futuros podem ser evitados. A gravidez na adolescência é apenas um deles.
MÁRCIO SCHIAVO – Diretor-Presidente da COMUNICARTE – Marketing Cultural e Social Ltda. e Vice-Presidente de Responsabilidade Social da ADVB-PE.
MÁRIO MARGUTTI – Consultor e Assessor da COMUNICARTE – Marketing Cultural e Social Ltda.